O que mudou no mercado dos festivais de música no século vinte e um

Ingressos caros, grandes públicos, atrações midiáticas e que se repetem: uma análise sem filtros do “boom” dos festivais de música

“Não é preciso muito esforço para perceber que vários artistas se repetem nos festivais de propriedade de um mesmo grupo. Como possuem muitos festivais de música pelo mundo, casas de shows e controlam as agendas de artistas de sucesso global, usam seu poder econômico para negociar grandes nomes, fechar contratos de exclusividade e controlar preços no mercado. Para ampliar seus lucros, os conglomerados dos mercados dos festivais podem fazer com que um artista que esteja extremamente popular e seja um de seus agenciados se apresente apenas nos festivais de sua propriedade e cobrar valores absurdos dos concorrentes. Da mesma forma, a empresa possui força suficiente para “bombar” artificialmente novos artistas que sejam de seu interesse, incluindo-o em seus grandes festivais e abrindo apresentações em suas casas de show, influenciando o mercado conforme seus interesses. Um verdadeiro sonho para as antigas gravadoras.”

A afirmação é do pesquisador Marcelo Santiago, jornalista, com especialização em Produção em Mídias Digitais e mestrado em Comunicação e Gestão de Indústrias Criativas. Em sua analise – fruto da pesquisa acadêmica sobre os festivais de música- Marcelo alerta para o impacto do atual mercado, em que os grandes conglomerados- que são as maiores produtoras de shows do mundo – controlam o mercado mais rentável da música atualmente. A profusão de festivais, ele afirma, aumenta a capilaridade dos interesses corporativos, sendo que alguns atuam em nichos semelhantes, facilitando negociações em lote. Na gringa, grupos como Live Nation e AEG juntas são donas de 30% dos festivais britânicos com capacidade para mais de 5 mil pessoas. Aqui no Brasil, basta dizer que dois dos maiores festivais, Rock in Rio e The Town, são criados pela mesma produtora, do empresário Roberto Medina.

“Ficou claro, sobretudo depois da pandemia, que o Brasil descobriu de vez que festival é este canhão de comunicação, que faz as pessoas gastarem dinheiro sem sequer saber o que vão ter ali: você anuncia apenas um convidado e elas já compram os ingressos. De certa forma, esses ingressos são também símbolo de status. Os festivais viraram hoje “a menina dos olhos” do mercado da música. Não apenas os festivais, mas os eventos criados para os festivais. Veja o exemplo recente do show da Marina Sena cantando Gal: todo mundo discutindo, uns dizendo que a Gal teria adorado, outros dizendo que ela não merecia aquilo. Isso significou algo pra mídia e redes sociais. Festivais são hoje sobre isso também.” afirma o jornalista Ricardo Schott, criador do portal e podcast Pop Fantasma.

Confira a analise completa no bate papo com os dois no Canal Daniella Zupo no Youtube:

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