Convidado para vir pela primeira vez ao Brasil pelo projeto Aquarius, a ideia original era a de que George Martin, produtor e arranjador dos Beatles, regesse músicas da banda com a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), uma banda de rock capitaneada por Robertinho do Recife e dois corais: As Meninas Cantoras de Petrópolis e o Coral de Petrópolis. Um temporal inesperado mudou os planos. “A Orquestra decidiu não se apresentar, os instrumentos eram de madeira e podiam ser danificados porque o palco montado na Quinta da Boa Vista, no Rio, não tinha teto” lembra Marcelo Fróes, até aquele momento um jovem beatlemaníaco que já havia entrevistado George Martin em Londres e responsável por intermediar o convite do projeto em parceria com o Jornal O Globo. “Ele (George Martin) podia ter desistido também, podia inclusive ter pego um tremendo resfriado” relembra Fróes. Mas decidiu subir ao palco, com uma tenda improvisada, e enfrentar um temporal para não decepcionar o público de 40 mil pessoas que tinha ido à Quinta da Boa Vista, no Rio, assistir ao concerto naquele 24 de outubro de 1993. Quem ali esteve, saiu encharcado, incluindo o maestro, os músicos e os cantores, mas certo de ter vivido um momento mágico. “Ele levou as melhores lembranças daquela noite e do Brasil” afirma Fróes. Guarda chuvas improvisaram uma cobertura para a banda de rock e seus instrumentos. O maestro foi pra chuva, regeu a orquestra, e ainda se apresentou ao piano. A night to remember.
E Marcelo Fróes, um dos responsáveis por trazer George Martin pela primeira vez ao Brasil, abre seu baú de lembranças e conta os bastidores do apoteótico concerto que o produtor regeu no Rio de Janeiro, quando conheceu Tom Jobim. E ainda: os 60 anos da Beatlemania no mundo:
George Martin, o quinto Beatle
“Ninguém merece mais o titulo de Quinto Beatle como George Martin.” afirma Aggeu Marques, um dos músicos mais respeitados na Beatlemania brasileira. “Foi ele que lapidou o som dos Beatles. Se não fosse ele, os Beatles seriam como os Ramones, uma ótima banda de garagem” se diverte.
Fato: George Martin estava lá desde o primeiro contrato, no primeiro disco lançado pela banda em 1967. Produziu praticamente todos os que vieram depois, ampliou a sonoridade dos 4 garotos de Liverpool, jovens vindos de uma turnê formadora em Hamburgo, na Alemanha, mas ainda “crus” musicalmente. A sofisticação musical de Martin foi fundamental para tornar os Beatles o maior fenômeno pop do mundo.